domingo, 14 de agosto de 2011

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANÓICA E TRANSTORNO ESQUIZOTÍPICO



TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANÓICA (CID F60)

Os portadores do transtorno de personalidade paranóica caracterizam-se por suspeitas constantes e desconfiança quanto às pessoas em geral.

Elas recusam-se a aceitar que tem este problema, atribuindo esta responsabilidade aos outros.
São geralmente hostis, irritáveis e coléricos.

Trata-se da figura clássica do fanático, do colecionadorde injustiças, do cônjuge com ciúme patológico, etc.
O Transtorno da Personalidade Paranóide pode manifestar-se pela primeira vez na infância e adolescência, por uma tendência a ficar solitário, fracos relacionamentos com os seus pares, ansiedade social, baixo rendimento escolar, suscetibilidade excessiva, pensamentos e linguagem peculiares e fantasias idiossincráticas. Estas crianças podem parecer "esquisitas" ou "excêntricas".
Alguns comportamentos influenciados pelo contexto sócio-cultural ou circunstâncias de vida específicas podem ser erroneamente rotulados como paranóides e até mesmo ser reforçados pelo processo de avaliação clínica. Os membros de grupos minoritários, imigrantes, refugiados políticos e económicos ou indivíduos de diferentes bagagens étnicas podem apresentar comportamentos reservados ou defensivos, devido à falta de familiaridade (por ex., barreiras linguísticas ou falta de conhecimento de regras e regulamentos) ou em resposta a uma negligência ou indiferença percebida da parte da sociedade maioritária. Esses comportamentos, por sua vez, podem gerar raiva e frustração nas pessoas que lidam com esses indivíduos, desta forma estabelecendo-se um círculo vicioso de desconfiança mútua, que não deve ser confundido com Transtorno da Personalidade Paranóide.

INCIDÊNCIA NA POPULAÇÃO:

A prevalência do transtorno de personalidade paranóide é de 0,5 a 2,5 %, 10-30% em contextos de internação psiquiátrica e 2-10% em ambulatórios de saúde mental.
Os indivíduos com este transtorno raramente buscam ajuda, e quando um cônjuge, familiar ou empregador os encaminham, eles podem, frequentemente controlar-se para não se mostrarem perturbados.
Este transtorno é mais comum em homens do que em mulheres, e não foi notado um padrão familiar (ou seja, aparentemente, não envolve fatores genéticos).
Acreditava-se no passado que a incidência era maior entre homossexuais, mas esta hipótese foi derrubada,contudo, acredita-se que seja mais comum em grupos de minoria, imigrantes e surdos, se comprado à população em geral.
Existem algumas evidências de maior prevalência do Transtorno da Personalidade Paranóide em famílias onde existam casos de Esquizofrenia crônica e de um relacionamento familial mais específico com o Transtorno Delirante, Tipo Persecutório.

DIAGNÓSTICO:

Durante a consulta, os portadores do Transtorno de Personalidade Paranóide podem mostrar-se muito formais, e até surpresos por terem sido encaminhados a procurar auxilio psiquiátrico.
Eles geralmente apresentam tensão muscular, incapacidade em relaxar,e a constante necessidade de observar atentamente o ambiente à procura de indícios.
Não apresentam senso de humor, sendo bastante sérios.

CARACTERISTICAS 

A característica essencial deste transtorno é uma tendência global e inadequada em interpretar as ações alheias como humilhantes e/ou ameaçadoras. Na maioria das vezes os portadores esperam ser explorados ou prejudicados pelos outros, e frequentemente questionam, sem qualquer justificativa, a lealdade ou confiabilidade de amigos e colegas.
Os indivíduos com este transtorno relutam em ter confiança ou intimidade com outras pessoas, pelo medo de que as informações que compartilham sejam usadas contra eles . Eles podem recusar-se a responder a perguntas pessoais, afirmando que as informações "não são da conta de ninguém".
Acham que sempre os outros irão usar de forma maliciosa o conhecimento sobre sua pessoa, percebendo-se ameaçado constantemente.
Apresenta medo de conversar, pois acha que em todas as conversas tem significados (interesses) ocultos que irão lhe prejudicar ou usar para lhe humilhar.
Os indivíduos com este transtorno guardam rancores persistentes e relutam em perdoar os insultos, ofensas ou deslizes dos quais pensam ter sido vítimas . Pequenos deslizes causam grande hostilidade, e os sentimentos hostis persistem por muito tempo.
Geralmente são patológicamente ciumentos, questionando sem qualquer motivo aparente, a fidelidade de cônjugesou parceiros sexuais.Suas idéias são comumente defendidas de maneira lógica, sendo assim, eles podem coletar "evidências" triviais e circunstanciais para apoiarem suas crenças ciumentas. Desejam manter um completo controle de relacionamentos íntimos para evitar traições, podendo constantemente questionar o paradeiro, as ações, intenções e fidelidade do cônjuge ou parceiro.
Externalizam suas próprias emoções e usam como defesa a projeção, isto é, eles atribuem aos outros impulsos e pensamentos que não conseguem aceitar em si próprios.
São afetivamente restritos e parecem frios emocionalmente. Orgulham-se de serem racionais e objetivos, o que não é verdade.
O portador deste transtorno de personalidade não possuem calor humano e se impressionam e prestam mais atenção a temas de poder e hierarquia, expressando desdém por pessoas vistas como fracas, doentias prejudicadas, ou de alguma forma defeituosas. Tais características tornam estes indivíduos preconceituosos.
No trabalho ou em outras situações sociais, podem mostrar-se práticos e eficientes, mas  frequentemente geram medo ou conflito em outras pessoas.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

O que diferencia o portador da personalidade paranóica do portador dos transtornos delirantes é o fato de que seus delírios não são fixos.
Se comparado ao portador de transtorno de personalidade borderline, nota-se que o borderline é capaz de ter relacionamentos envolventes, embora tumultuados, o que raramente ocorre com o portador da personalidade paranóica.
Podem ser diferenciados dos portadores de personalidade esquizóide, pois estes são retraídos e alheios, sem ter as ideações paranóides.

PROGNÓSTICO

Em alguns indivíduos, a condição perdura por toda a vida, em outros, é um precursor da esquizofrenia; em outros, ainda, à medida que amadurecem ou que o stress diminui, os trações paranóides dão lugar a formação reativa, a uma preocupação mais apropriada à moralidade e a preocupações altruístas.
Em geral, estes pacientes têm problemas permanentes no trabalho e no convívio humano com outras pessoas, sendo os problemas conjugais bastante comuns.

TRATAMENTO

O tratamento é feito por psicoterapia e farmacoterapia (medicamentos).
Os pacientes paranóides não se saem bem em terapias de grupo, nem tendem a tolerar a invasão de terapias comportamentais.
Certos temas, em especial acerca do sentimento profundo de dependência, preocupações sexuais e desejos de intimidade, devem ser abordadas com cautela, pois podem aumentar significativamente a falta de confiança do paciente.
Às vezes, o comportamento dos pacientes com transtorno da personalidade paranóide torna-se tão ameaçador, que é importante controlá-lo ou limitá-lo.
É necessário manejar de forma gentil e sem humilhá-los as acusações delirantes destas pessoas. Por exemplo, ao abordar a desconfiança de infidelidade sem qualquer motivo, e preciso fazê-lo de forma serena e lógica, evitando ridicularizá-lo com termos como "não seja ridículo" ou "isso é coisa da sua cabeça".
O tratamento medicamentosos é útil para lidar com a agitação e ansiedade destes pacientes, sendo utilizados ansiolíticos e antipsicóticos em alguns casos.


TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANÓICA



Cluster/Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos) Os indivíduos que estão neste grupo, costumam ser apelidados como esquisitos, isolados socialmente, frios emocionalmente, inexpressivos, distantes e muito desconfiados. Este grupo está mais propenso aos transtornos psicóticos.

* Transtorno de personalidade paranóide - São pessoas desconfiadas em excesso, não conseguem confiar em outros, achando sempre que vão ser passados para trás ou que estão tramando e conspirando algo contra ele. São frios emocionalmente e podem se manter distantes das outras pessoas por conta da desconfiança. (Não confundir com esquizofrenia ou delírio.)



TRANSTORNO ESQUIZOTIPICO (CID F21)


O Transtorno de Personalidade Esquizotípica pode ser classificado como um modo suave de esquizofrenia.
Este transtorno ocorre em 3% da população geral e é um pouco mais comum em homens.
É caracterizado por formas incomuns de pensamento e de percepção, afeto frio ou inapropriado, anedonia (perda da sensação de prazer nos atos que costumam proporcioná-la), idéias paranóides (de perseguição, por exemplo) comportamento e pensamentos estranho ou excêntrico, tendência ao isolamento, períodos transitórios ocasionais quase psicóticos com ilusões intensas, alucinações auditivas, visuais ou outras, e idéias pseudodelirantes, ocorrendo em geral sem fator desencadeante exterior. Os portadores deste diagnóstico muitas vezes crêem ter habilidades extra-sensoriais ou que eventos não relacionados se relacionam a eles de alguma forma importante.
Eles, algumas vezes, se empenham em comportamento excêntrico e têm dificuldades em se concentrar por longos períodos de tempo.
Suas conversas geralmente são excessivamente elaboradas e difíceis de acompanhar.
Segundo os critérios do CID.10, para o diagnóstico do transtorno esquizotipico, é necessário que o indivíduo tenha manifestado ao longo de um período de pelo menos dois anos, ao menos quatro dos seguintes, de modo contínuo ou repetido:
1) Idéias de referência (excluindo delírios de referência);  
2)Crenças bizarras ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas da subcultura do indivíduo (por ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou "sexto sentido"; em crianças e adolescentes, fantasias e preocupações bizarras);  
3)Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões somáticas; 4)Pensamento e discurso bizarros (por ex., vago, circunstancial, metafórico, superelaborado ou estereotipado);  
5)Desconfiança ou ideação paranóide; 
6)Afeto inadequado ou constrito;  
7)Aparência ou comportamento esquisito, peculiar ou excêntrico;  
8)Não tem amigos íntimos ou confidentes, exceto parentes em primeiro grau;  
9)Ansiedade social excessiva que não diminui com a familiaridade e tende a estar associada com temores paranóides, ao invés de julgamentos negativos acerca de si próprio.
O transtorno de personalidade esquizotípica ocorre em 3% da população geral, sendo um pouco mais comum em homens.
O Transtorno Esquizóide distingue-se do Esquizotípico pela ausência de distorções cognitivas ou perceptivas, como ilusões ou delírios.


TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICO
 
 


Cluster/Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos) Os indivíduos que estão neste grupo, costumam ser apelidados como esquisitos, isolados socialmente, frios emocionalmente, inexpressivos, distantes e muito desconfiados. Este grupo está mais propenso aos transtornos psicóticos.

* Transtorno de personalidade esquizotípica - Pessoas com as mesmas características ao esquizóide, contudo, estão próximas à esquizofrenia, desconfiados, podem acreditar que tem poderes especiais, são supersticiosos, com comportamento muito excêntrico. (Não confundir com esquizofrenia, embora sejam próximos.)



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


Transtorno de Personalidade Paranóide - Ciúme doentio - Desconfiança - Diagnóstico e Tratamento. in Psicologia na Net. Internet. São Paulo. Disponivel em http://www.psicologiananet.com.br/transtorno-de-personalidade-paranoide-%E2%80%93-ciume-doentio-desconfianca-diagnostico-e-tratamento/1261/ Acesso em agosto de 2011.

 

Campos. S. Transtorno de Personalidade. in Medicina Avançada. Internet. São Paulo. Disponivel em http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/11449 . Acesso em agosto de 2011. 


Kaplan, HI. Sadock, BJ. Grebb, JA. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatrica Clínica. 7ª ed. Artmed. São Paulo, 2005.


Campos, S. Tipos de Esquizofrenia. in Medicina Avançada, internet, São Paulo. Disponível em http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/13255 , atualizado em 2004.


Ballone, GJ.: Transtorno Delirante. in PsiqWeb, Internet, São Paulo. Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=39 , atualizado em 2005.



sexta-feira, 17 de junho de 2011

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE HISTRIÔNICA - TPH (CID F60.4)









Até que ponto, gostar de ser o centro das atenções é normal?
A partir de quando esse desejo se torna patológico?









"Transtorno da personalidade caracterizado por uma afetividade superficial e lábil, dramatização, teatralidade, expressão exagerada das emoções, sugestibilidade, egocentrismo, autocomplacência, falta de consideração para com o outro, desejo permanente de ser apreciado e de constituir-se no objeto de atenção e tendência a se sentir facilmente ferido.”    (Fonte: Datasus)

Até que ponto “gostar de o centro das atenções” deve ser considerado algo normal? E quando passa a ser um transtorno?
Os transtornos de personalidade em geral afetam todas as áreas de influência da personalidade de um indivíduo, o modo como ele vê o mundo, a maneira como expressa as emoções, o comportamento social. Caracteriza um estilo pessoal de vida mal adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio e/ou às pessoas com quem convivem.

O QUE É O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE HISTRIÔNICA?

Apesar de tratar-se de um transtorno de personalidade, o portador de TPH tem um comportamento bastante adequado, sendo que a pessoa pode apresentar manifestações diversas e até opostas, e por serem bem adaptadas, muitas vezes não são vistas como um transtorno, e sim como o “jeito de ser da pessoa”.
É comum que a pessoa nem sinta tanto incômodo, ao contrário do que ocorre com outros transtornos de personalidade, mas pelo contrário, incomoda pessoas com quem convive, devido à sua forma peculiar de agir.
Portadores de transtorno de Personalidade Histriônica têm a tendência de expressar suas emoções de uma forma exagerada e teatral (com emoções excessivamente altas e positivas), são sexualmente provocativos e apresentam um comportamento de busca por atenção, consideram as relações mais íntimas do que realmente são e esforçam-se para ser o centro das atenções.
Ser exótico, extrovertido ou gostar de estar no centro das atenções pode ser uma caracteristica da pessoa. Mas o que e normal e o que é patológico?




Esta forma teatral e exagerada faz com que muitas vezes supervalorizem seus feitos e/ou sentimentos, podendo muitas vezes mentir sobre certos fatos visando receber atenção. 
Um comportamento extrovertido e até exótico, além de gostar de chamar a atenção, não é considerado um comportamento patológico, contudo, quando em exagero, pode ser um indicio de TPH.
Este transtorno representa, em grande extensão, um caso extremo de extroversão. Extroversão envolve tendência de uma pessoa ser amigável e socialmente ousada, falante, afetuosa, festeira, ter muitos amigos, procurar ativamente contatos sociais, ser assertiva e dominante, enérgica, ativa, vigorosa, procurar estímulos fortes, envolver-se em riscos, ser otimista e divertida. Essas descrições de extroversão indicam o caso de uma pessoa claramente histriônica.
São pessoas que buscam ativamente situações que permitam interações sociais, como festas, atividades em grupo, etc.
Tendem a ser gregárias e esforçam-se para manter contato com as pessoas conhecidas. O'Connor e Dyce (2002) e Widiger et cols (2002) descreveram que pessoas com TPH apresentam esses comportamentos muito freqüentemente.
Suas qualidades, contudo, perdem sua força à medida que esses indivíduos continuamente exigem ser o centro das atenções. Eles requisitam o papel de "dono da festa". Quando não são o centro das atenções, podem fazer algo dramático (por ex., inventar estórias, fazer uma cena) para chamar a atenção.
Esta necessidade freqüentemente se manifesta em seu comportamento diante do clínico (por ex., adular, trazer presentes, oferecer descrições dramáticas de sintomas físicos e psicológicos que a cada consulta são substituídos por sintomas novos).

E QUANDO NÃO SE É O CENTRO DAS ATENÇÕES?

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Histriônica sentem-se desconfortáveis ou desconsiderados quando não são o centro das atenções. 
Freqüentemente animados e dramáticos, tendem a chamar a atenção sobre si mesmos e podem, de início, encantar as pessoas com seu entusiasmo, aparente franqueza ou capacidade de sedução.
A expressão emocional pode ser superficial e apresentar rápidas mudanças. Os indivíduos com este transtorno usam consistentemente sua aparência física para chamar a atenção.
Eles empenham-se excessivamente em impressionar os outros com sua aparência e despendem tempo, energia e dinheiro excessivos para se vestir e se arrumar. Eles podem "caçar elogios" pela sua aparência e se aborrecer com facilmente por algum comentário crítico acerca de como estão ou por uma fotografia na qual, em sua opinião, não saíram bem.
Um sentimento de intitulação manifesta-se na expectativa irracional destes indivíduos de receber tratamento especial. Procuram supervalorizar seus feitos, para assim, receber atenção especial de todos.
Esperam ser adulados e ficam desconcertados ou furiosos quando isto não ocorre. Podem, por exemplo, pensar que não precisam esperar na fila e que as suas prioridades são tão importantes que os outros lhes deveriam mostrar deferência, e ficam irritados quando os outros deixam de auxiliar no "seu trabalho muito importante".
Este sentimento de intitulação, combinado com uma falta de sensibilidade para com os desejos e necessidades alheias, pode resultar na exploração consciente ou involuntária dos outros.

Os indivíduos com este transtorno caracterizam-se por autodramatização, teatralidade e expressão emocional. Eles podem embaraçar amigos e conhecidos por uma excessiva exibição pública de emoções (por ex., abraçar conhecidos casuais com um ardor exagerado, soluçar incontrolavelmente em ocasiões sentimentais de pouca importância, ou ter ataques de fúria). 


CONFUSOS E SUGESTIONÁVEIS
Esses indivíduos têm um estilo de discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes. Fortes convicções em geral são expressadas com talento dramático, porém com um embasamento vago e difuso, sem fatos e detalhes corroborantes. Por exemplo, um indivíduo com Transtorno da Personalidade Histriônica pode comentar que determinado indivíduo é uma pessoa maravilhosa, porém ser incapaz de oferecer quaisquer exemplos específicos de boas qualidades que confirmem sua opinião.
Entretanto, suas emoções com freqüência dão a impressão de serem ligadas e desligadas com demasiada rapidez para serem profundamente sentidas, o que pode levar a acusações de que estão fingindo.

Por terem emoções oscilantes e sensuais, podem ter vários relacionamentos e diferentes parceiros no decorrer da vida.
Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Histriônica têm um alto grau de sugestionabilidade.
Suas opiniões e sentimentos são facilmente influenciados pelos outros e por tendências do momento. Eles podem ser confiantes demais, especialmente em relação a fortes figuras de autoridade, a quem vêem como capazes de oferecer soluções mágicas para seus problemas. Eles apresentam uma tendência a curvar-se a intuições ou adotar convicções prontamente. 




Os indivíduos com este transtorno muitas vezes consideram os relacionamentos mais íntimos do que são de fato, descrevendo praticamente qualquer pessoa recém conhecida como "meu querido, meu amigo" ou chamando um médico visto apenas uma ou duas vezes sob circunstâncias profissionais por seu primeiro nome. Devaneios românticos são comuns.
Embora muitas vezes iniciem um trabalho ou projeto com grande entusiasmo, seu interesse pode desaparecer rapidamente. Os relacionamentos a longo prazo podem ser deixados de lado para dar lugar a relacionamentos novos e excitantes.
O risco real de suicídio é desconhecido, mas a experiência clínica sugere que os indivíduos com o transtorno estão em maior risco para gestos ou ameaças de suicídio para chamar a atenção e coagir os outros a um maior envolvimento. O Transtorno da Personalidade Histriônica tem sido associado com taxas superiores de Transtorno de Somatização, Transtorno Conversivo e Transtorno Depressivo Maior.
Existe, freqüentemente, a co-ocorrência de Transtornos da Personalidade Borderline, Narcisista, Anti-Social e Dependente.

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE HISTRIÔNICA 


Transtorno de personalidade histriônica - São pessoas muito emotivas, hipersensíveis, carentes de afeto, exageradas, superficiais, emocionalmente instável, dramáticas, impacientes, infantis, muito preocupadas com a aparência física (vaidosos) e com notável tendência a exigir excessivamente atenção para si. Expressam suas emoções de forma exagerada, podendo ter rompantes de choro ou raiva por coisa mínima. São muito manipuladores, controlando pessoas e circunstâncias para conseguirem atenção. Fazem uso da manipulação emocional e sedutora, frequentemente vestindo-se de forma sensualmente provocante, encantando e seduzindo pessoas do sexo oposto. 
Podem ser vistas como "camaleões sociais", pois estão constantemente mudando.


Critérios Diagnósticos para F60.4 - 301.50 Transtorno da Personalidade Histriônica
Um padrão invasivo de excessiva emocionalidade e busca de atenção, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios:
(1) sente desconforto em situações nas quais não é o centro das atenções
(2) a interação com os outros freqüentemente se caracteriza por um comportamento inadequado, sexualmente provocante ou sedutor
(3) exibe mudança rápida e superficialidade na expressão das emoções
(4) usa consistentemente a aparência física para chamar a atenção sobre si próprio
(5) tem um estilo de discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes
(6) exibe autodramatização, teatralidade e expressão emocional exagerada
(7) é sugestionável, ou seja, é facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias
(8) considera os relacionamentos mais íntimos do que realmente são.


FONTES:

NUNES, C.H.; HUTZ, C.S. Development and validation of an extraversion scale in the Big Five Personality model. PsicoUSF,  Itatiba,  v. 11,  n. 2, dez.  2006 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712006000200003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  14  jun.  2011.

Marot, R. Personalidade Patológica. In PsicoSite. Internet. São Paulo. Disponível em: http://www.psicosite.com.br/tra/out/personalidade.htm. Acesso em junho de 2011.

Ballone. GJ. Transtorno de Personalidade Histriônica. In PsiqWeb. Internet. São Paulo. Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=159. Acesso em junho de 2011.

Campos. S. Personalidade Histriônica. In Medicina Avançada. Internet. São Paulo. Disponível em: http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/11454. Acesso em junho de 2011.

sábado, 21 de maio de 2011

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE OU LIMÍTROFE (CID F60.31)


O transtorno de personalidade Borderline (ou limitrofe) é caracterizado por apresentar uma alteração de fronteira (ou de borda) entre a neurose* e a psicose**. 

Neurose: Patologia psiquiátrica na qual existe consciência da doença. Caracteriza-se por ansiedade, angústia e transtornos na relação interpessoal. Apresenta diversas variantes segundo o tipo de neurose. Os tipos mais freqüentes são a neurose obsessiva, depressiva, maníaca, etc., podendo apresentar-se em combinação. Na neurose, o indivíduo além de saber que é um neurótico, ele tem plena consciência dos seus atos, mas não consegue controlá-los.
** Psicose: grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença, isto é, os psicóticos não têm essa consciência, eles perdem a noção da realidade.


Esta condição limitrofe do borderline deve-se ao fato de que nesta patologia, embora seja bem menos perturbada que as psicóses, são muito mais complexas que os neuroses, apesar não apresentarem deformações de caráter típicas das personalidades sociopáticas, isto é, o borderline, apresenta perturbações mais complexas que as neuroses, porém, menos complexas que as psicoses, não chegando a ser sociopatas.
Na realidade, o Borderline tem séria limitação para usufruir as disponibilidades de opção emocional diante dos estímulos do cotidiano e, por causa disso, pequenos estressores são capazes de enfurecê-lo.


CLASSIFICAÇÃO:


Uma classificação bastante didática divide o Transtorno Borderline em 4 grupos clínicos:
Grupo A: Borderline com predomínio de características esquizóides e/ou paranóides, mais próxima das psicoses.
Grupo B: Borderline com predomínio de características distímicas e afetivas.
Grupo C: Borderline com predomínio de características anti-sociais e perversas (corresponderiam ao grupo de Transtorno de Pessoalidade Borderline, propriamente dito, satisfazendo quase todos os critérios do DSM IV).
Grupo D: Borderline com predomínio de características neuróticas (obsessivo-compulsivas, histéricas e fóbicas) graves.
Esta classificação tem objetivo mais didático que prático, porquanto na prática cotidiana observamos com maior freqüência a ocorrência de casos mistos.


Há pessoas, simpáticas e agradáveis aos outros, que se comportam de maneira totalmente diferente com as pessoas de sua intimidade. São explosivas, agressivas, intolerantes, irritáveis, com tendência a manipular pessoas.... Outros conseguem ser desarmônicos dentro e fora do lar.



AGRESSIVIDADE E INTOLERÂNCIA:

O Borderline geralmente se equivoca diante de um estimulo estressor cotidiano. Sendo assim, um pequeno estressor é capaz de enfurecê-lo. O limiar de tolerância às frustrações é extremamente susceptível nessas pessoas.
São indivíduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fúria ou de mau gênio, em completa inadequação ao estímulo desencadeante. Essas crises de fúria e agressividade acontecem de forma inesperada, intempestivamente e, habitualmente, têm por alvo pessoas do convívio mais íntimo, como os pais, irmãos, familiares, amigos, namoradas, cônjuges, etc.
Esta instabilidade das emoções é reconhecida pelo portador, contudo, eles justificam-nas geralmente com argumentos implausíveis.
As flutuações de humor são rápidas, e variações no estado de humor de um momento para outro geralmente não tem justificativa real.
Diferente das mudanças de humor dos bipolares, que podem durar semanas ou meses, as osculações de humor do Borderline podem durar minutos, horas ou dias.
Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade,  irritabilidade, agressividade (que pode ser voltada a ele mesmo ou à outras pessoas), ciúme patológico, etc.

ETERNOS INSATISFEITOS

No Transtorno de Borderline há uma percepção equivocada de que o vazio só será preenchido pelo outro.
Essas pessoas são levadas a extremos, e idealizam relacionamentos que não existem na prática.
Usualmente, o companheiro, o familiar, o amigo vai falhar em algum momento. Só que a border não entende isso. Para um border, fazer 99% não é suficiente, já que faltou 1%.
As pessoas com esse tipo de transtorno de personalidade costumam ir ao próprio limite e do outro, principalmente.
A frustração acaba se configurando através da depressão, da automutilação e, até mesmo, do suicídio.
Ao se estabelecer novos relacionamentos, além dos familiares, fica mais evidente a transferência de responsabilidade no preenchimento da felicidade.
Os pais precisam estar próximos para perceber esses comportamentos prejudiciais. Quanto mais cedo, mais fácil de tratar. Quando a paciente é mais velha pode ter maiores dificuldades em aprender novas estratégias de convivência.
 
TPB: SUICIDIO E AUTO-MUTILAÇÃO (“CUTTING”)

Na agressividade auto-inflingida, pode ocorrer a pratica de auto-mutilação (se machucar, se cortar, se queimar) ou tentativa de suicídio.
Portadores de TPB dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor, ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma".
Já nas tentativas de suicídio, elas ocorrem mais freqüentemente às tentativas de impulso do que as planejadas. É muito importante ressaltar, que os portadores de TPB estão incluídos no grupo de risco mais elevado ao suicídio, ocorrendo entre 8 a 10% desses indivíduos.
Esses atos auto-destrutivos podem ser precipitados por ameaças de separação ou rejeição, por expectativas de que assumam maiores responsabilidades ou mesmo por frustrações banais.
Um fator interessante é de que, ao contrário da maioria das outras patologias psiquiátricas, o risco de tentativas de suicídio diminui a cada nova tentativa.
Esta patologia também está intimamente ligada ao abuso de drogas, alcoolismo e violência.

INCIDÊNCIA NA POPULAÇÃO E CURSO DA PATOLOGIA:

O Transtorno da Personalidade Borderline é diagnosticado mais em mulheres, as quais compõem cerca de 75% dos casos.
Quanto à prevalência, estima-se estar presente em cerca de 0,2 a 1,8% da população geral, ocorrendo em cerca de 10% a 20% dos pacientes de consultórios psiquiátricos. Estudos apontam que a indidência de e em cerca de 20% dos pacientes psiquiátricos internados.
Entre os portadores de Transtornos da Personalidade em geral, a prevalência do Transtorno da Personalidade Borderline varia de 30 a 60%.
Outros estudos apontam que o TPB está presente em 20% da população carcerária, e ainda, que 20 a 25% dos borders sejam oriúndos de famílias estruturadas.
O curso do Transtorno da Personalidade Borderline é instável, começando esse distúrbio no início da idade adulta, com episódios de sério descontrole afetivo e impulsivo. O prejuízo resultante desse transtorno e o risco de suicídio são maiores nos anos iniciais da idade adulta e diminuem gradualmente com o avanço da idade. Durante a faixa dos 30 e 40 anos, a maioria dos indivíduos com o transtorno adquire maior estabilidade em seus relacionamentos e funcionamento profissional.

O QUE CAUSA ESTE TRANSTORNO? 

Assim como em muitas outras patologias psiquiátricas, não se sabe ao certo a causa deste transtorno de personalidade, contudo, acredita-se que pode ter causas genéticas envolvidas.
Observou-se que o Transtorno da Personalidade Borderline é cerca de cinco vezes mais freqüente entre parentes biológicos em primeiro grau também com o transtorno do que na população geral.    
Outros fatores que podem ser apontados como causa provável, é uma combinação dos seguintes fatores:
 
1) Vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na infância, por exemplo abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico ou físico, separação dos pais, orfandade.
2) Vulnerabilidade individual.
3) Stress ambiental que desencadeia o aparecimento do comportamento Borderline.

QUADRO CLÍNICO :

Segundo o DSM-IV (Quarta edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), admite-se que o Borderline apresenta transtornos em quase todas as áreas da pessoalidade, principalmente nas relações interpessoais, na profundidade (qualidade) dos sentimentos, na identificação e na empatia, na atitude social, no controle da vontade (volição), na capacidade para o trabalho, na necessidade de prazer, na vida sexual, no controle das emoções, na vida das fantasias, na elaboração e valorização dos ideais e no planejamento das metas da vida.
No que se refere à “vida das fantasias”, é comum observar em Borderlines, a criação de personagens, verdadeiros alter-egos que são criados de maneira proposital, quer seja para fugir da realidade, que seja visando obter aquilo que almeja.
Suas relações com o objeto são superficiais, carecendo de profundidade de sentimentos, de constância, empatia e consideração pelos demais. Também apresenta transtornos de caráter de nível variado e os sintomas clínicos são: 

1) Angustia

É crônica e difusa. Trata-se de um afeto contínuo e surdo mas que, no obstante, pode se manifestar como uma crise de angústia aguda e com sintomas somáticos correspondentes. Pode sobrevir uma crise histérica com comprometimento de todas as funções psíquicas, juntamente com manifestações somáticas variadas, tais como vertigem, taquicardia e outros característicos do Transtorno de Ansiedade Aguda.
A desrealização e a despersonalização aparecem como extremos dessas crises, também acompanhadas de sintomas somáticos. É uma angústia ligada à perda de sentido, tal como foi observada por Freud quando diante de perspectivas ou ameaças de separação. 


2) Incapacidade para sentir

Às vezes o paciente experimenta a consciência de um vazio afetivo, despersonalização e incapacidade para sentir emoções. Outras vezes encenam episódios do tipo histérico, com reações emocionais exageradas, ingerem álcool ou drogas, cometem delitos ou têm relações sexuais patológicas para libertar-se da sensação de vazio existencial.
Ainda que não consigam experimentar emoções genuínas, também não podem suporta-las caso existam. Protegem-se contra os sentimentos mantendo as relações em um nível superficial ou mudando freqüentemente de trabalho, de amigos ou do lugar onde vivem.
Isso pode explicar a grande instabilidade dos pacientes Borderlines.
Schmideberg disse que os Borderlines são, fundamentalmente, não sociais e alguns, declaradamente anti-sociais. Uma das manifestações da instabilidade é a instabilidade afetiva, que pode perturbar suas relações sociais.
No plano ocupacional também se mostram instáveis. Mesmo que esses pacientes tenham condições intelectuais normais, falta-lhes capacidade para a concentração, para a perseverança e para o desejo para um esforço mais firme. Outros fatores que contribuem para a instabilidade ocupacional são sua baixa tolerância à frustração, hipersensibilidade às críticas e a expectativa de conseguir recompensas totalmente desproporcionais. Também deve ser destacada a incapacidade para os Borderlines aceitar as regras e a rotina. Por tudo isso eles acabam sendo despedidos de seus empregos ou que eles mesmos pedem demissão.  


3) Depressão

A depressão do Borderline se caracteriza, basicamente, por sentimentos de vazio e solidão. A diferença do que ocorre no verdadeiro depressivo, no qual existe medo da destruição do objeto amado, no caso do Borderline ha explosões de ira ou raiva contra o objeto considerado frustrante.  

4) Intolerância à solidão

"Eu te odeio! Mas, por favor, não me deixe!"

A modalidade de relação com o objeto é do tipo anaclítica (um quadro de perda gradual de interesse pelo meio, perda ponderal, comportamentos estereotipados eventualmente, até a morte). A intolerância a estar só se manifesta como um afã de prender-se vorazmente, através da voz ou da presença física do outro, ou em determinados casos por intermédio do objeto droga, álcool ou alimento, segundo seja a adicção, como tentativa frustrada de supressão da falta. Na realidade, toda tensão de separação é intolerável ao Borderline,  produzindo as condutas de aderência exagerada ao objeto. 


5) Anedonia

É a incapacidade de sentir prazer, próprio dos estados gravemente depressivos. Existe sempre no paciente Borderline uma insatisfação permanente e manifesta, uma frustração constante e os objetivos de prazer que pretendem nunca chegam consegui-los, são para eles, inalcançáveis. Ou, pior ainda, quando são alcançados, perdem valor imediatamente. No pacientes Borderline a tendência a evitar o desprazer se faz mais forte que a busca do prazer. 

6) Neurose poli-sintomática

O paciente borderline pode apresentar dois ou mais dos seguintes sintomas:
a) Fobias múltiplas, geralmente graves, especialmente a agorafobia. A relação com o objeto está submetida à regulação da distância com mecanismos agorafóbicos e claustrofóbicos. Essas sensações associadas a tendências paranóides, originam serias inibições sociais.
b) Sintomas obsessivos-compulsivos. Normalmente esses sentimentos, muito repudiados pelo portador de TOC, são ego sintônicos no paciente Borderline (aspectos do pensamento, dos impulsos, atitudes, comportamentos e sentimentos que não perturbam a própria pessoa; por exemplo: a pessoa é homossexual e concorda desse jeito dela própria ser). Existe inclusive com tendência a racionalização (Mecanismo de Defesa que se caracteriza por um procedimento de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis. É o processo através do qual uma pessoa apresenta uma explicação que é logicamente consistente ou eticamente aceitável para uma atitude, ação, idéia ou sentimento que causa angústia. Usa-se a Racionalização para justificar comportamentos quando, na realidade, as razões para esses atos não são recomendáveis). 
c) Múltiplos sintomas de conversão histéricos (sintomas que sugerem uma doenças neurológicas, tais como paralisias, afonia, convulsões, perturbações da coordenação, acinesias, discinesias, cegueira, anestesias e parestesias.), geralmente crônicos.
d) Reações dissociativas (histéricas).
e) Transtornos de consciência, estados crepusculares (estreitamento transitório da consciência, com a conservação de uma atividade mais ou menos coordenada, mais ou menos automática. Normalmente há falsa aparência de que o paciente está compreendendo a situação. Em geral, a percepção do mundo exterior é imperfeita ou de todo inexistente), fugas e amnésias.
f) Hipocondria e exagerada preocupação por a saúde e temor crônico a enfermar. Refere-se não só ao corpo, mas também à mente. Descrevem minuciosamente seu mal-estar, com reações e sensações esdrúxulas. É comum o medo de enlouquecerem.
g) Tendências paranóides com idéias deliróides persecutórias.
h) Descontrole dos impulsos. Este descontrole impulsivo pode ser ego diatônico ou ego sintônicos. O alcoolismo, drogadição, bulimia, compras descontroladas, cleptomania, são sintomas impulsivos comuns entre os Borderlines. 

7) Tendências sexuais não-normais 

Parafilias são caracterizadas por anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objetos, atividades ou situações incomuns e causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. São exemplos de parafilias a zoofilia e a pedofilia.
Podem coexistir varias tendências em forma de fantasias ou de ações. As formas bizarras de sexualidade, principalmente as que manifestam agressão ou substituição primitiva dos fins genitais, tais como atitudes eliminatórias (urinar, defecar). 

8) Episódios Psicóticos Breves

Aqui se incluem a desrealização e despersonalização. As idéias de auto-referência e os quadros paranóides predominam nesses Episódios Psicóticos Breves. As manifestações clínicas seriam: transtornos paranóides, depressões com idéias de suicídio, Episódios Maníacos, quadros de automutilação. Esses episódios agudos costumam ser reativos, normalmente à ruptura de algum vínculo. 

9) Adaptação social

Existem várias possibilidades para o contacto social borderline. A evitação, por exemplo, acontece nos casos do borderline esquizóide e depressivo, mas o relacionamento interpessoal também pode ter características anti-sociais. Em geral, as relações interpessoais costumam estar prejudicadas e nas reações paranóides, tão comuns entre esses pacientes, a conduta social pode ser agressiva.

RESUMO DOS PRINCIPAIS SINTOMAS:


Vale ressaltar que nem todos os portadores desta patologia apresentam todos estes sintomas. O diagnóstico correto deve ocorrer após avaliação médica.
Podemos relacionar:
  • Medo de abandono: uma necessidade constante, agoniante de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio;
  • Padrão de relacionamento instável variando rapidamente entre ter um grande apreço por certa pessoa para logo depois desprezá-la;
  • Comportamento impulsivo principalmente quanto a gastos financeiros, sexual, abuso de substâncias psicoativas, pequenos furtos, dirigir irresponsavelmente;
  • Sentimento de raiva freqüente e falta de controle desses sentimentos chegando a lutas corporais;
  • Sentimentos persistentes de vazio e tédio;
  • Dramatização, exagero e teatralização das emoçoes;
  • Manipulação de pessoas / situações visando obter beneficio próprio;
  • Dificuldade de administrar emoções;
  • Instabilidade de humor caracterizada pela  rápida variação das emoções, passando de um estado de irritação para angustiado e depois para depressão (não necessariamente nesta ordem). Diferentes das oscilações de humor da Bipolaridade, que duram semanas ou meses,  as variações em Borderlines têm oscilações de minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero- e auto-agressividade. Uma paciente marca a consulta informando que está super deprimida, querendo morrer. No dia seguinte chega à consulta bem humorada, bem vestida, maquiada, vaidosa;
  • Comportamento auto-destrutivo (se machucar, se cortar, se queimar). As portadoras de Borderline dizem que se machucam para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor. Ou porque a dor no corpo "é melhor que a dor na alma";
  • Tentativas de suicídio, mais freqüentemente as de impulso do que as planejadas;
  • Mudanças de planos profissionais, de círculos de amizade;
  • Problemas de auto-estima. Borderlines se sentem desvalorizadas, incompreendidas, vazias. Não tem uma visão muito objetiva de si mesmos;
  • Impulsividade: idealizam pessoas recém conhecidas, se apaixonam e desapaixonam de maneira fulminante;
  • Desenvolvem admiração e desencanto por alguém muito rapidamente. Criam situações idealizadas sem que o parceiro objeto do afeto muitas vezes nem tenha idéia de que o relacionamento era tão profundo assim...
  • Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição. Pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais. Uma pequena viagem de negócios do namorado ou marido pode desencadear uma tempestade emocional completamente desproporcional (acusações de rejeição, de abandono, de não se preocupar com as necessidades dela, de egoísmo, traição, etc.).
  • A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições que fazem parte de qualquer relacionamento são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis, para rompimentos e estabelecimento imediato de novos relacionamentos com as mesmas idealizações;
  • Dúvidas a respeito de si mesmo, de sua identidade como pessoa, de seu comportamento sexual, de sua carreira profissional;
  • Menos freqüente: episódios psicóticos (se sentirem observadas, perseguidas, assediadas, comentadas).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:

 

SINTOMAS TPB OUTRAS DOENÇAS
DEPRESSÃO ânimo baixo, curto e intermitente. ânimo baixo, longo e contínuo.
MUDANÇAS DE HUMOR muito rápida: segundos, horas, no máximo um dia; reativo ao ambiente. no bipolar, longa: dias, semanas, meses; sem motivo nenhum.
IDENTIDADE mutável, indecisa, não sabe quem é e o que quer. estável, concreta, certeza.
COGNIÇÃO alucinações e paranoias ao estresse. na esquizofrenia, alucinações contínuas.
DESPERSONALIZAÇÃO sensação de irrealidade quando em estresse. pouco frequente, na síndrome do pânico é contínua.


FATORES DE BOM PROGNÓSTICO:

Alguns fatores podem contribuir para o desenrolar menos drástico da patologia. Podemos citar:
  • Bons relacionamentos familiares, sociais, afetivos, profissionais.
  • Participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes, associações culturais, artísticas, etc.
  • Baixa ou ausente freqüência de auto-agressão.
  • Baixa ou ausente freqüência de tentativas de suicídio.
  • Ser casada(o).
  • Ter filhos.
  • Não ser promíscua(o).

Pesquisas apontam para a remissão dos sintomas após os 40 anos. “Quando o paciente chega a amadurecer emocionalmente e se tratou, tem com certeza menos perdas, terminou cursos que começou e tem relacionamentos mais estáveis e quem sabe ate constituiu uma família”, acredita o psiquiatra Erlei Sassi.

CENA DO FILME - GAROTA INTERROMPIDA


Garota Interrompida (Girl Interromped) de 1999, com Wynona Ryder e Angelina Jolie, é baseado no livro de memórias homônimo. Conta a história de Susanna Kaysen, uma garota que vai para um hospital psiquiátrico durante os anos 60 com o diagnóstico de transtorno de personalidade limítrofe (ou Borderline).

FONTES:

Ballone, G.J. Personalidade Borderline. Internet. In. PsiqWeb. Disponível em http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?sec=91&art=150
Acesso em abril de 2011. 

Marot, R. Transtorno de Personalidade Borderline (Limitrofe). Internet. In Psicosite. Disponivel em: http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=1269113186038467812&postID=7202356678662590805
Acesso em abril de 2011.

Pitliuk, R. Transtorno de Personalidade Borderline: Sequela de abuso na infância. Internet. In MentalHelp. Disponivel em http://www.mentalhelp.com/Borderline.htm
Acesso em abril de 2011.

Kaplan, HI. Sadock, BJ. Grebb, JA. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clinica. 7ª ed. Artmed. São Paulo, 2005.

Gonçalves, V. Borderline Atinge mais mulheres. Jornal Hoje / Ciência & Saúde.Internet. Disponivel em: http://www.opovo.com.br/app/opovo/cienciaesaude/2010/12/18/noticiacienciaesaudejornal,2079155/borderline-atinge-mais-as-mulheres.shtml
Acesso em abril de 2011.

Thomas A. Widiger y Myrna M. Weissman, Epidemiology of Borderline Personality Disorder Hosp Community Psychiatry 42:1015-1021, Octubre 1991
Acesso em abril de 2011.