Como em toda a paixão, ela vem aos poucos...
Não se "acorda apaixonado"! É como em um ritual. Um dia notamos uma coisa, em outro, admiramos outra, e quando vemos: "BUM" Santo DEUS, estou apaixonada!!!
Não se "acorda apaixonado"! É como em um ritual. Um dia notamos uma coisa, em outro, admiramos outra, e quando vemos: "BUM" Santo DEUS, estou apaixonada!!!
Descobri esta paixão durante estágios da faculdade (curso enfermagem).
Meu primeiro contato com estes pacientes foi por si só, apaixonante: um rapaz muito jovem que havia passado por uma cirurgia devido a uma fratura no maxilar e que mal podia falar.
Alimentava-se por um canudinho, pois pouco podia abrir a boca. Mas seus olhos "falavam" (e como falavam!!!!). Foram os olhos mais "falantes" que já vi em toda a minha vida!
Eles falavam em amor sem interesse, em gratidão, pureza, carinho... Um verdadeiro turbilhão de mensagens positivas! Sua boca mal podia pronunciar uma palavra, mas seus olhos...
Após alimentá-lo com muita dificuldade , consegui compreender o que ele me disse sofrivelmente com os lábios semi-cerrados:
- "Obrigado, você é muito bondosa".
Mas como ele poderia afirmar com tanta certeza? Era o nosso primeiro contato!
Somente estas pessoas especiais entendem o que é isso: enxergar a alma humana de forma totalmente despida de razão e preconceitos. Só eles sabem fazer isso; é um dom só deles... É um segredo que eles carregam e não compartilham com mais ninguém...
Em contrapartida, o segundo contato foi catastrófico! Quase apanhei de um paciente bipolar de 1,98 m e 113 kg.
No dia anterior havíamos ficado conversando por quase uma hora sobre enfermagem, futebol, politica... Ele contava tantas piadas sobre enfermeiras.. Para meu próprio espanto, eu não fiquei irritada (geralmente piadas sobre enfermeiras me deixam muito brava), pois ele fazia isso de forma tão leve e engraçada, que era impossivel não rir.
Depois de um ótimo primeiro contato, no dia seguinte fui expulsa de seu quarto aos berros.
Pensava que a culpa era minha, que tinha feito ou dito algo de errado, senti-me fracassada, idiota... Cheguei a questionar meu dom.
O alento para minhas angústias veio por meio de muito estudo. Li compêndios, textos, sites, tudo o que estava a mão, e então percebi que o problema não estava em mim.
Tirei deste fato uma lição valiosa: aprender a respeitar o tempo e o espaço do outro, bem como o seu estado emocional atual (mesmo que este tenha tido uma oscilação de 180º em um espaço mínimo de tempo).
Tirei deste fato uma lição valiosa: aprender a respeitar o tempo e o espaço do outro, bem como o seu estado emocional atual (mesmo que este tenha tido uma oscilação de 180º em um espaço mínimo de tempo).
Meu terceiro paciente de PQ era um idoso com esquizofrenia.
Cuidei dele por dias (nossa, como me deu trabalho. Estava debilitado, fraco e cheio de úlceras por pressão pelo corpo).
Na última vez que nos vimos antes da minha mudança de hospital, ele estava tão agitado que foi necessário amarrá-lo às grades da cama. Aquela cena me chocou muito, e tudo o que eu mais queria era cortar aquelas malditas amarras... Mas eu era apenas uma reles estagiária; não podia fazer isso.
Antes de sair de seu quarto, após cuidados, tocar sua mão e dizer palavras de carinho, ele me olhou com os tais "olhos falantes". Em seguida, olhou pela janela ao lado. Era uma linda manhã ensolarada. Olhou novamente em meus olhos. Era como se aqueles olhos me dissessem: "Solte-me".
Após, olhou para as faixas dizendo com os olhinhos: "As faixas estão me machucando!" Fixou mais uma vez os enormes olhos azuis em mim... Eles eram tão profundos e diziam tantas coisas..
Fiquei atônita. Apenas me despedi e fui embora consternada.
Cuidei dele por dias (nossa, como me deu trabalho. Estava debilitado, fraco e cheio de úlceras por pressão pelo corpo).
Na última vez que nos vimos antes da minha mudança de hospital, ele estava tão agitado que foi necessário amarrá-lo às grades da cama. Aquela cena me chocou muito, e tudo o que eu mais queria era cortar aquelas malditas amarras... Mas eu era apenas uma reles estagiária; não podia fazer isso.
Antes de sair de seu quarto, após cuidados, tocar sua mão e dizer palavras de carinho, ele me olhou com os tais "olhos falantes". Em seguida, olhou pela janela ao lado. Era uma linda manhã ensolarada. Olhou novamente em meus olhos. Era como se aqueles olhos me dissessem: "Solte-me".
Após, olhou para as faixas dizendo com os olhinhos: "As faixas estão me machucando!" Fixou mais uma vez os enormes olhos azuis em mim... Eles eram tão profundos e diziam tantas coisas..
Fiquei atônita. Apenas me despedi e fui embora consternada.
No dia seguinte ele veio a falecer devido uma infecção generalizada.
Ainda hoje lembro-me daqueles belos olhos azuis. Pode soar como um sentimentalistmo idiota (sim, eu sou assumidamente uma sentimental idiota), mas acredito que jamais serei fitada de forma tão penetrante como naquela ocasião.
Tenho total convicção de que ninguém jamais poderá nos ensinar tanto sobre humanidade quanto estas pessoas especiais e as crianças, e sei que ainda tenho muito a aprender...
2 comentários:
Oi , sou da comunidade bipolar, acho que naum tenho esse trastorno, porem procurei ajuda por causa de um filho que ja passou por 2 surtos(situação que nega ter vivido)com internação, sempre isso me tira do meu eixo, sempre lutando para sair dessa. A ultima crise ele naum suportava mas o lugar aonde morava com a companheira e eu tentando sobreviver com uma filha e netas bem grossas, ja passou, então em conjunto resolvemos morar juntos em outra cidade os 3 estamos profundamente infeliz, a beira mar. Antes de mais nada queria dizer dze que meu flho foi diagnosticado como bipolar e toma carbamazepina. Então nesse tempo de 12 anos aproximadamente , tive experienia teriveis com ele, a 1 fui defender a esposa dele , estava profundamente bebado e ele me bateu demais, o tempo passou , perdoei e meu filho e tenho muita compaixão disso tudo(naum agora, estou muitao brava)depois de um tempo ele separou da 2 mulher e foi morar comigo, arrumou uma namorada , ao passr dos dias em uma bela noite , ja estavamos com dificuldades de relacionamento , então tentou me estragular , segundo ele so quiz me despertar , so se fosse pra morte, chegei a fazr queixa policial, mas deixei pra la, afinal ele e meu filho.Voltando ao principio da mudança pra cidade praiana, ele agora se queixa de tudo quando nao sonha em ter tudo, por nao se sentir bem ,tentava engolir e nao conseguia , com o minimo de esforço ele sentia esse tal aperto na respiração. Procurou um medico e foi visto q ele estava com algumas bacteias ,tb com tal refluxo , veio pra casa furioso com a companheira por nao ter percebido isso, saiu quebrando o oculos escuro dela e etc, depois começou a jogar agua nelea entrei no meio mais uma vez sobrou pra mim, bateu em meu rosto ums 3 tres vezes foi horivel, nao satisfeito foi ao meu quarto e me bateu diversas vezes com minha bolsa. Fugi pra a vizinha , pensando em chamar ate a policia, mas pensei melhor , depois do conselho da tal vizinha, e tb tem esse recomeço aqui, poderei. Em meio a todo esse burburinho minha irma me liga e eu chorando disse o q tava acontecendo e pedi sigilo dela , para não falar com meus outros filhos, ela naum so contou pra eles como pra todos inclusive o motorista de taxi que sempre ela pegava,pois bem ,no dia 1 esse famigerado homem vem n minha porta, ele mora na cidade de onde eramos e disse que soube que ele havia me agredido e que minha irmã havia pedido pra ele arrumr alguem pra bater nesse meu filho;pronto a confusão se formou , ele esta com odio d mim chegou ate me ameaçar de morte , pois pensou que eu e quem havia feito essa fofoca, no momento naum sei o q fazer , confesso q estou um pouco preocupada, pois as vezes parece q ele quer brigar ,sei q naum quero morar mais com ele ,ainda por cima estamos duros pra tomar uma atitude. Por favor me ajude naum sei de q atitude tomar. espero por uma resposta e ajuda , deixo meu e-mail, luciliaes@ig.com.br, sei que vc naum me da o direto de pedir ajuda como ao um psiquiatra mas pelo menos e uma opinão bem vinda de uma terceira pessoa , muito obrigada Lucilia Esteves
Olá, Lucilia. Tudo bem? Bom, primeiramente você é uma mulher forte e guerreira. Tenha sempre consciência disso.
Você é a maior prova de que o amor maternal faz com que uma mulher torne-se uma verdadeira heroina; uma fortaleza!!!!
Imagino o quanto deve ser doloroso todo este processo pelo qual está passando com o seu filho, mas mantenha-se forte! Não perca a fé e a esperança. Você pode ir além, ainda que as circunstâncias digam que não há mais forças!
A primeira coisa que deve ser feita, sem dúvida é procurar apoio psiquiátrico.
Pelo que eu entendi, ele já faz acompanhamento médico, mas creio que somente a Carbamazepina não tem sido o suficiente para mantê-lo estável. Seria interessante que a senhora falasse com o psiquiatra que o acompanha, para informá-lo do que está acontecendo (pode ser que ele não fale sobre isso nas consultas), para que assim, o especialista possa avaliar a necessidade de ajustar a dosagem, ou até mesmo, trocar o medicamento (como por exemplo, incluir o carbonato de litio no tratamento).
A senhora disse que ele ingere bebidas alcoólicas. Ele precisa estar ciente de que isso é perigoso, pois a carbamazepina, assim como outros fármacos psicoativos, pode reduzir a tolerância ao álcool. Portanto, é aconselhável que ele abstenha-se de bebidas alcoólicas. Existem riscos de depressão exagerada do Sistema Nervoso Central, causando coma e até mesmo a morte.
Quanto a deixar seu filho, acho que é uma situação complexa. Se por um lado ele tem se tornado cada vez mais agressivo com a senhora e com a namorada, por outro lado, a maioria dos casos de portadores de transtornos mentais que se tornam moradores de rua, deve-se ao fato de não terem familiares, ou ainda, porque estes familiares os abandonaram.
O abandono familiar também é um dos grandes causadores de internações hospitalares devido a surtos no TAB. Um outro fator importante, é que o indice de suicidio entre Bipolares é de 15% a 19% (30 x maior que o da população em geral), e ele pode sim tornar-se uma ameaça para si mesmo.
Tome cuidado. Caso durmam em quartos separados, te aconselho a manter a porta trancada quando for dormir, e não esconda o que está acontecendo dos seus familiares. Não lute sozinha; procure pessoas que possam te apoiar nesta situação tão complicada.
Caso ache que a senhora corre risco iminente de morte, passe uns dias na casa de alguém, mas abandoná-lo em definitivo pode ser perigoso para ele mesmo.
Outra detalhe importante; nunca se esqueça de cuidar de VOCÊ. Pelo que noto, a senhora encontra-se deprimida e triste. Seria interessante marcar uma consulta com um psiquiatra e/ou psicólogo para que a senhora também receba cuidados e ajuda. Busque na sua fé, nos seus amigos, entes queridos, e nos especialistas, como já disse, força e amparo para ultrapassar este momento dificil, pois a senhora deve lembrar-se que seu filho precisa de ajuda, MAS A SENHORA TAMBÉM PRECISA SER APOIADA.
Um grande beijo e muita força!!!
Luz e paz para a sua vida...
O.B.S.: Caso não tenha convênio médico, você pode procurar ajuda no CAPS (http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela=1) da sua cidade. Eles poderão te auxiliar.
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