domingo, 14 de agosto de 2011

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANÓICA E TRANSTORNO ESQUIZOTÍPICO



TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANÓICA (CID F60)

Os portadores do transtorno de personalidade paranóica caracterizam-se por suspeitas constantes e desconfiança quanto às pessoas em geral.

Elas recusam-se a aceitar que tem este problema, atribuindo esta responsabilidade aos outros.
São geralmente hostis, irritáveis e coléricos.

Trata-se da figura clássica do fanático, do colecionadorde injustiças, do cônjuge com ciúme patológico, etc.
O Transtorno da Personalidade Paranóide pode manifestar-se pela primeira vez na infância e adolescência, por uma tendência a ficar solitário, fracos relacionamentos com os seus pares, ansiedade social, baixo rendimento escolar, suscetibilidade excessiva, pensamentos e linguagem peculiares e fantasias idiossincráticas. Estas crianças podem parecer "esquisitas" ou "excêntricas".
Alguns comportamentos influenciados pelo contexto sócio-cultural ou circunstâncias de vida específicas podem ser erroneamente rotulados como paranóides e até mesmo ser reforçados pelo processo de avaliação clínica. Os membros de grupos minoritários, imigrantes, refugiados políticos e económicos ou indivíduos de diferentes bagagens étnicas podem apresentar comportamentos reservados ou defensivos, devido à falta de familiaridade (por ex., barreiras linguísticas ou falta de conhecimento de regras e regulamentos) ou em resposta a uma negligência ou indiferença percebida da parte da sociedade maioritária. Esses comportamentos, por sua vez, podem gerar raiva e frustração nas pessoas que lidam com esses indivíduos, desta forma estabelecendo-se um círculo vicioso de desconfiança mútua, que não deve ser confundido com Transtorno da Personalidade Paranóide.

INCIDÊNCIA NA POPULAÇÃO:

A prevalência do transtorno de personalidade paranóide é de 0,5 a 2,5 %, 10-30% em contextos de internação psiquiátrica e 2-10% em ambulatórios de saúde mental.
Os indivíduos com este transtorno raramente buscam ajuda, e quando um cônjuge, familiar ou empregador os encaminham, eles podem, frequentemente controlar-se para não se mostrarem perturbados.
Este transtorno é mais comum em homens do que em mulheres, e não foi notado um padrão familiar (ou seja, aparentemente, não envolve fatores genéticos).
Acreditava-se no passado que a incidência era maior entre homossexuais, mas esta hipótese foi derrubada,contudo, acredita-se que seja mais comum em grupos de minoria, imigrantes e surdos, se comprado à população em geral.
Existem algumas evidências de maior prevalência do Transtorno da Personalidade Paranóide em famílias onde existam casos de Esquizofrenia crônica e de um relacionamento familial mais específico com o Transtorno Delirante, Tipo Persecutório.

DIAGNÓSTICO:

Durante a consulta, os portadores do Transtorno de Personalidade Paranóide podem mostrar-se muito formais, e até surpresos por terem sido encaminhados a procurar auxilio psiquiátrico.
Eles geralmente apresentam tensão muscular, incapacidade em relaxar,e a constante necessidade de observar atentamente o ambiente à procura de indícios.
Não apresentam senso de humor, sendo bastante sérios.

CARACTERISTICAS 

A característica essencial deste transtorno é uma tendência global e inadequada em interpretar as ações alheias como humilhantes e/ou ameaçadoras. Na maioria das vezes os portadores esperam ser explorados ou prejudicados pelos outros, e frequentemente questionam, sem qualquer justificativa, a lealdade ou confiabilidade de amigos e colegas.
Os indivíduos com este transtorno relutam em ter confiança ou intimidade com outras pessoas, pelo medo de que as informações que compartilham sejam usadas contra eles . Eles podem recusar-se a responder a perguntas pessoais, afirmando que as informações "não são da conta de ninguém".
Acham que sempre os outros irão usar de forma maliciosa o conhecimento sobre sua pessoa, percebendo-se ameaçado constantemente.
Apresenta medo de conversar, pois acha que em todas as conversas tem significados (interesses) ocultos que irão lhe prejudicar ou usar para lhe humilhar.
Os indivíduos com este transtorno guardam rancores persistentes e relutam em perdoar os insultos, ofensas ou deslizes dos quais pensam ter sido vítimas . Pequenos deslizes causam grande hostilidade, e os sentimentos hostis persistem por muito tempo.
Geralmente são patológicamente ciumentos, questionando sem qualquer motivo aparente, a fidelidade de cônjugesou parceiros sexuais.Suas idéias são comumente defendidas de maneira lógica, sendo assim, eles podem coletar "evidências" triviais e circunstanciais para apoiarem suas crenças ciumentas. Desejam manter um completo controle de relacionamentos íntimos para evitar traições, podendo constantemente questionar o paradeiro, as ações, intenções e fidelidade do cônjuge ou parceiro.
Externalizam suas próprias emoções e usam como defesa a projeção, isto é, eles atribuem aos outros impulsos e pensamentos que não conseguem aceitar em si próprios.
São afetivamente restritos e parecem frios emocionalmente. Orgulham-se de serem racionais e objetivos, o que não é verdade.
O portador deste transtorno de personalidade não possuem calor humano e se impressionam e prestam mais atenção a temas de poder e hierarquia, expressando desdém por pessoas vistas como fracas, doentias prejudicadas, ou de alguma forma defeituosas. Tais características tornam estes indivíduos preconceituosos.
No trabalho ou em outras situações sociais, podem mostrar-se práticos e eficientes, mas  frequentemente geram medo ou conflito em outras pessoas.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

O que diferencia o portador da personalidade paranóica do portador dos transtornos delirantes é o fato de que seus delírios não são fixos.
Se comparado ao portador de transtorno de personalidade borderline, nota-se que o borderline é capaz de ter relacionamentos envolventes, embora tumultuados, o que raramente ocorre com o portador da personalidade paranóica.
Podem ser diferenciados dos portadores de personalidade esquizóide, pois estes são retraídos e alheios, sem ter as ideações paranóides.

PROGNÓSTICO

Em alguns indivíduos, a condição perdura por toda a vida, em outros, é um precursor da esquizofrenia; em outros, ainda, à medida que amadurecem ou que o stress diminui, os trações paranóides dão lugar a formação reativa, a uma preocupação mais apropriada à moralidade e a preocupações altruístas.
Em geral, estes pacientes têm problemas permanentes no trabalho e no convívio humano com outras pessoas, sendo os problemas conjugais bastante comuns.

TRATAMENTO

O tratamento é feito por psicoterapia e farmacoterapia (medicamentos).
Os pacientes paranóides não se saem bem em terapias de grupo, nem tendem a tolerar a invasão de terapias comportamentais.
Certos temas, em especial acerca do sentimento profundo de dependência, preocupações sexuais e desejos de intimidade, devem ser abordadas com cautela, pois podem aumentar significativamente a falta de confiança do paciente.
Às vezes, o comportamento dos pacientes com transtorno da personalidade paranóide torna-se tão ameaçador, que é importante controlá-lo ou limitá-lo.
É necessário manejar de forma gentil e sem humilhá-los as acusações delirantes destas pessoas. Por exemplo, ao abordar a desconfiança de infidelidade sem qualquer motivo, e preciso fazê-lo de forma serena e lógica, evitando ridicularizá-lo com termos como "não seja ridículo" ou "isso é coisa da sua cabeça".
O tratamento medicamentosos é útil para lidar com a agitação e ansiedade destes pacientes, sendo utilizados ansiolíticos e antipsicóticos em alguns casos.


TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANÓICA



Cluster/Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos) Os indivíduos que estão neste grupo, costumam ser apelidados como esquisitos, isolados socialmente, frios emocionalmente, inexpressivos, distantes e muito desconfiados. Este grupo está mais propenso aos transtornos psicóticos.

* Transtorno de personalidade paranóide - São pessoas desconfiadas em excesso, não conseguem confiar em outros, achando sempre que vão ser passados para trás ou que estão tramando e conspirando algo contra ele. São frios emocionalmente e podem se manter distantes das outras pessoas por conta da desconfiança. (Não confundir com esquizofrenia ou delírio.)



TRANSTORNO ESQUIZOTIPICO (CID F21)


O Transtorno de Personalidade Esquizotípica pode ser classificado como um modo suave de esquizofrenia.
Este transtorno ocorre em 3% da população geral e é um pouco mais comum em homens.
É caracterizado por formas incomuns de pensamento e de percepção, afeto frio ou inapropriado, anedonia (perda da sensação de prazer nos atos que costumam proporcioná-la), idéias paranóides (de perseguição, por exemplo) comportamento e pensamentos estranho ou excêntrico, tendência ao isolamento, períodos transitórios ocasionais quase psicóticos com ilusões intensas, alucinações auditivas, visuais ou outras, e idéias pseudodelirantes, ocorrendo em geral sem fator desencadeante exterior. Os portadores deste diagnóstico muitas vezes crêem ter habilidades extra-sensoriais ou que eventos não relacionados se relacionam a eles de alguma forma importante.
Eles, algumas vezes, se empenham em comportamento excêntrico e têm dificuldades em se concentrar por longos períodos de tempo.
Suas conversas geralmente são excessivamente elaboradas e difíceis de acompanhar.
Segundo os critérios do CID.10, para o diagnóstico do transtorno esquizotipico, é necessário que o indivíduo tenha manifestado ao longo de um período de pelo menos dois anos, ao menos quatro dos seguintes, de modo contínuo ou repetido:
1) Idéias de referência (excluindo delírios de referência);  
2)Crenças bizarras ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas da subcultura do indivíduo (por ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou "sexto sentido"; em crianças e adolescentes, fantasias e preocupações bizarras);  
3)Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões somáticas; 4)Pensamento e discurso bizarros (por ex., vago, circunstancial, metafórico, superelaborado ou estereotipado);  
5)Desconfiança ou ideação paranóide; 
6)Afeto inadequado ou constrito;  
7)Aparência ou comportamento esquisito, peculiar ou excêntrico;  
8)Não tem amigos íntimos ou confidentes, exceto parentes em primeiro grau;  
9)Ansiedade social excessiva que não diminui com a familiaridade e tende a estar associada com temores paranóides, ao invés de julgamentos negativos acerca de si próprio.
O transtorno de personalidade esquizotípica ocorre em 3% da população geral, sendo um pouco mais comum em homens.
O Transtorno Esquizóide distingue-se do Esquizotípico pela ausência de distorções cognitivas ou perceptivas, como ilusões ou delírios.


TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICO
 
 


Cluster/Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos) Os indivíduos que estão neste grupo, costumam ser apelidados como esquisitos, isolados socialmente, frios emocionalmente, inexpressivos, distantes e muito desconfiados. Este grupo está mais propenso aos transtornos psicóticos.

* Transtorno de personalidade esquizotípica - Pessoas com as mesmas características ao esquizóide, contudo, estão próximas à esquizofrenia, desconfiados, podem acreditar que tem poderes especiais, são supersticiosos, com comportamento muito excêntrico. (Não confundir com esquizofrenia, embora sejam próximos.)



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


Transtorno de Personalidade Paranóide - Ciúme doentio - Desconfiança - Diagnóstico e Tratamento. in Psicologia na Net. Internet. São Paulo. Disponivel em http://www.psicologiananet.com.br/transtorno-de-personalidade-paranoide-%E2%80%93-ciume-doentio-desconfianca-diagnostico-e-tratamento/1261/ Acesso em agosto de 2011.

 

Campos. S. Transtorno de Personalidade. in Medicina Avançada. Internet. São Paulo. Disponivel em http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/11449 . Acesso em agosto de 2011. 


Kaplan, HI. Sadock, BJ. Grebb, JA. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatrica Clínica. 7ª ed. Artmed. São Paulo, 2005.


Campos, S. Tipos de Esquizofrenia. in Medicina Avançada, internet, São Paulo. Disponível em http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/13255 , atualizado em 2004.


Ballone, GJ.: Transtorno Delirante. in PsiqWeb, Internet, São Paulo. Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=39 , atualizado em 2005.



2 comentários:

Elaine Ferreira disse...

muito interessante :D

Anônimo disse...

Eu não sou e nunca fui ciumento,mas tenho as demais coisas do transtorno da paranoia.Eu creio que é por causa da depressão que tenho.Depressão traz a reboque tudo o que é de ruim em termos de pensamentos e comportamentos.